A Mimese Social e a Opção Vocacional

Da importância de fugir do modismo generalista e de delimitar o próprio horizonte existencial

Natanael Pedro Castoldi
13 min readAug 4, 2024

A circulação dentro da complexa hierarquia dos chimpanzés machos é consideravelmente fluída e é para o jogo do poder que se observou que os espécimes chegam a lançar mão de objetos dos mais variados, que estejam disponíveis no ambiente. Sim, a posse de um distintivo pode ser motivo de status, para que se ostente o privilégio alcançado, guarnecendo a posição, ou se facilite a subida para melhores patamares. Mas o cérebro do chimpanzé é dominial e não permite a “invasão” de outros domínios, que não aquele da escalada clânica, no uso desses objetos — por isso os chimpanzés são virtualmente incapazes de utilizar coisas como se fossem armas, mesmo as utilizando para status ou para coleta de alimentos. Eles são incapazes, por conseguinte, de atribuir sentido simbólico ao que quer que seja.

Quanto a nós, nosso cérebro é transdominial e metarrepresentacional, o que significa que tudo aquilo que é feito em um setor da vida, regido por um ou outro domínios, poderá invadir outros setores da vida e ser cooptado por outros domínios. Por esta razão, produzimos armas e todo o tipo de instrumento para a realização de funções das mais elaboradas, segundo um senso claro da posição pessoal no espaço e no tempo. Ainda assim, o observamos já nos bebês pequenos, e essa é uma das minhas memórias mais primitivas, invariavelmente a nossa primeira relação com objetos é dada nos termos de status, quando estamos falando de seu uso num contexto social e entre iguais — haverá um protótipo de hierarquia natural já aparente entre os pequenos, baseada na posse daquilo que seja de interesse de outro, melhor garantida por aquele que for mais forte. Isso é indubitavelmente instintivo, essa demonstração de poder pela posse do objeto, e não se limita apenas ao egoísmo visceral da criancinha, tendo por base exclusivamente o autocentramento e o domínio dos brinquedos para o prazer próprio — isso faz sentido quando o bebê está só, mas é diferente quando ele está com outras crianças, porque ali cumpre uma função social, ainda que primitiva. O desejo, desde o princípio, é estimulado pelo interesse e pela disputa, e a posse do objeto de desejo é mais do que apenas a coisa; é demonstrativo de potência — esta atrelada, na mente mágica e fetichista do infante, à coisa. Aí está a raiz da mimese girardiana.

O desejo, desde o princípio, é estimulado pelo interesse e pela disputa…

Tão primeva é essa relação com as coisas, no cenário social, que é quase impossível ao homem se desprender do apelo dos objetos enquanto fetiches prenhes de certo carisma mágico, socialmente apelativo. O jogo societário, replicando algo do que se vê já nos chimpanzés, será eminentemente marcado pela posse dos objetos de interesse, que sejam disputados e que tenham instigado o desejo. E como nos chimpanzés, e como nos bebês, esses objetos podem ser absolutamente qualquer coisa, não havendo uma lógica ou uma lei que determina e que restringe os objetos de desejo em termos de suas qualidades intrínsecas. Botões de tulipas o foram na Holanda dos séculos pregressos, por exemplo. Canetas, sapatos e cintos, chapéus, perfumes e vinhos, ou rolhas de vinhos — tudo aquilo que, por quaisquer motivos que sejam, tenha se tornado socialmente relevante, pode virar objeto de desejo dentro do complexo campo das disputas hierárquicas. E como o seu principal valor, e por isso encarecem desproporcionalmente, é o status, eles serão tão ambicionados quanto mais forem mostrados e, assim que possuídos, imediata e exaustivamente publicados nas mídias sociais — e é ali que eles cumprirão a meta de sua aquisição, porque o seu usufruto está muito mais relacionado ao papel que cumprem aos olhos dos outros, enquanto instigadores de desejo e demonstrativos da posse do desejável.

A questão se complexibiliza na medida em que vivemos num tempo no qual a informação circula tão rápida, contínua e massivamente, que o apelo, o brilho dos objetos de desejo se empalidece, se desgasta muito rapidamente, já que eles facilmente se trivializam, sendo necessária a contínua busca por novidades, donde a profusão dos mais efêmeros modismos, os quais incluem as “trends”, o “fit”, o “coach”… Mais do que meramente substituirem o já usado ou vivido, as novidades chegam tão aceleradamente que elas mesmas, ofertadas de modo cada vez mais prematuro, desgastam e esvaziam, envelhecem quase instantaneamente o que “está aí”. Assim, se salta de modismo em modismo em questão de dias, e se habita a sociedade publicamente a partir da aderência de muitos modismos concomitantes, aderindo ao viral das redes enquanto se vai à “smart” para “treinar” e se des/harmoniza o rosto, ou trata da calvície. Como dirá Joyce Werres, o modo de se sentir integrado ao tipo de cultura que nos permeia é altamente extrovertido e exteriorizado, horizontal e quantitativo — é extremamente trabalhoso simplesmente estar “atualizado” socialmente, sendo muitíssimos os compromissos diários, em termos de tarefas públicas, que precisam ser levados em conta. Isso sem acrescentar os inadiáveis compromissos com a burocracia e a tributação de um Estado que é cada vez mais presente e opressivo e as obrigações para com o trabalho formal, que aparecem fora do tempo e do espaço convencionais, invadindo a vida doméstica e a minando. Naturalmente, o tempo que sobra para o cultivo da alma é ínfimo.

… o tempo que sobra para o cultivo da alma é ínfimo.

É sobremaneira difícil contornar um tal estado de coisas, uma vez que o apelo aos objetos de desejo socialmente relevantes é, como vimos, primitivíssimo e altamente visceral — somos estruturados mimeticamente, por espelhamento do meio e do outro, tanto ou mais do que somos determinados instintivamente, e isso ocorre a partir de um mecanismo e segundo regras que atuam mais espontânea do que intencionalmente. Isso sempre foi assim e jamais o deixará de ser, embora a maneira de esse processo transcorrer em nossa sociedade pluralista, diversitária (globalizada e globalista) e tecnológica, dentro de um regime materialista e consumista, seja antinatural — não no sentido de que independa da atuação dos mecanismos miméticos supracitados (nesse caso, é natural), mas no sentido clássico daquilo que é conveniente e compatível com o desenvolvimento, e não a atrofia, de nossa natureza. A hiperestimulação à imaginação consumidora, à ambição e à vaidade corresponde a uma maior medida de vícios do que de virtudes, à uma desproporção nos apetites do baixo ventre em comparação com as inclinações do espírito, a uma verdadeira bestialização do ser humano (Konrad Lorenz), que se torna cada vez mais agitado e inquieto, ansioso e impulsivo, covarde e violento, compulsivo e disperso, isto é: um ser que vive segundo o regime da chamada “vida nua” (Agamben). Isso pode ser assim, porque o homem é inclinado ao Mal desde o berço, potencialmente vicioso, sendo tanto quem arquitetou o sistema de trevas que o está venalizando — o tentador, portanto -, quanto aquele que é tentado justamente pelas inflamações das disposições mais primitivas, tornado mais sugestionável e suscetível tanto ao consumo de massas, quanto ao controle da parte dos donos do Poder, para quem a massificação é um instrumento político e ideológico de primeira ordem, já que o pensamento da multidão — perenizado na massa — é mais reagente e mais volátil.

Fique claro, do supracitado, que, conquanto esse mecanismo do desejo esteja incluído nas bases mesmas da Economia dos Homens e seja determinante para o processo cultural em seu matiz societário, porque é também uma das bases naturais da ordem social, a maior parte dos objetos de desejo que circulam no mercado do valor social não se justifica intrinsecamente — o seu apelo está dado sobretudo pelo sua posse e pelo seu uso público. Isso significa que, dadas as forças ínferas que atuam em nós, podemos ser facilmente arrastados para o jogo do status, caso nos descuidemos, magnetizados pela conquista daquilo que achamos serem as coisas, quando na realidade ambicionamos um lugar, que é o lugar do outro. É isso que o demonstrará M. Nesturque (As Raças Humanas) no seu argumento sobre a relativamente pouca importância, uma vez desenvolvida a cultura, de fatores climáticos e geológicos na valorização de traços fisionômicos raciais — aspectos fenotípicos passam, então, a ser procurados por seu valor social, mais do que por seu valor adaptativo.

… dadas as forças ínferas que atuam em nós, podemos ser facilmente arrastados para o jogo do status, caso nos descuidemos…

Como o jogo do status é eminentemente um jogo de aparências, no qual o desempenho público, que é lúdico, vale mais do que a verdade, por assim dizer, os canais principais por meio dos quais as coisas são mostradas se tornarão, via de regra, os veículos prioritários de disseminação das tendências e da forja dos novos objetos de desejo — o que significa que, quanto mais personas e pessoas participam e quanto mais rápida é a transmissão das imagens, tanto mais massivas e aceleradas são essa disseminação e essa forja. As tendências universais e atemporais sempre foram, dentro desse mecanismo, a formação de um tipo humano ideal que sintetize em si os valores sociais pretendidos pela multidão. Esse “homem ideal” é especialmente apelativo para o homem médio e, na realidade, é o próprio modelo genérico que formatará o tipo humano mediano, o homem típico de determinado tempo e de determinada cultura, segundo seu modo de aparição pública — do “homem ideal” — encarnado em figuras públicas de elite — as quais também vão se transformando segundo os mesmos princípios miméticos, sobretudo quando essa elite, como é o nosso caso, é igualmente massificada, e, na medida em que esta se transforma, modifica ligeiramente as qualidades do ideal almejado pela multidão. No Brasil, o homem típico de nosso tempo tende a um ideal “fitness”, “harmonizado”, empreendedor, ativo e produtivo nas redes sociais… tudo acompanhado de compromissos sociais de participação nos loci públicos de prestígio, devendo ostentar uma inscrição na academia e fornecer algum tipo de orientação ou de produto nas redes, como “influencer”.

Torna-se, todavia e como dito anteriormente, excessivamente trabalhoso e oneroso acompanhar as transformações do “homem ideal” em um cenário de tão severa aceleração e tão soberbamente extrovertido, como é a tônica do nosso tempo. A maioria das pessoas, desde a elevação do Uomo Singulare no Renascimento, é incapaz de atingir os ideais propagados, de alcançar os objetos de desejo associados ao status de “homem legítimo” da época. No Brasil, igualmente: o largo das multidões procurará emular as características do “self made man” à brasileira, uma cópia desajeitada do pioneiro de fronteira americano, que aprendeu a contar apenas consigo mesmo, acreditando, primeiro, que conseguirá, de fato, mimetizar essas características e, disso, que tomará posse do lócus privilegiado de “homem legítimo” — nem aquilo e nem isto (muito menos isto!) a maioria conseguirá. Até porque o jogo do status, sendo de aparências, é enganoso, e faz crer que a mimese e a posse de coisas literais transubstanciará milagrosamente a vida em termos de felicidade, de realização e de plenitude — qualidades que, na realidade, não podem vir exatamente das coisas, como se as coisas mesmas estivessem impregnadas de um carisma mágico. Felicidade, realização e plenitude são abstrações não quantificáveis e devem ser procuradas em seu próprio reino, que é espiritual — isto é: interior e não coisificado. É por não compreender isso que o homem típico, especialmente estético, irá de frustração em frustração, de desilusão em desilusão, sempre redobrando a aposta até seu colapso moral e existencial, afundado em ansiedades e depressões, quando não exaurido pela hiperatividade.

Felicidade, realização e plenitude são abstrações não quantificáveis e devem ser procuradas em seu próprio reino, que é espiritual…

Todo esse achatamento do indivíduo, em nosso cenário, é inevitável — sempre o será no contexto da massificação e jamais deixará de sê-lo, nalguma medida, no território do homem médio, ou típico. Isso assim se sucede porque o “homem ideal” da cultura é uma forma que o “cérebro coletivo” cria ou convenciona enquanto projeção e exteriorização, ou literalização do somatório de objetos de desejo privilegiados, como a imagem de um lugar que a absoluta maioria da sociedade almeja e busca, em maior ou menor grau. Uma vez que o “homem ideal” não existe, transparecendo através de figuras públicas de apelo e de um processo mimético viral, de eros pandêmio e por proxemia, não há verdadeira clareza sobre o que exatamente ele é, o que possui e o que se faz para efetivamente encarná-lo. Ele será, portanto, a forma genérica de uma plenitude que é mais afetiva, um sentimento geral sobre a vida desejável, do que uma coisa ou uma série de coisas determinável — é um lugar, enfim. De maneira que, para quem pretenda atingir esse lugar, a busca será de objetos de desejo, de pistas e de evidências que sugiram progresso — e isso virá, ao fim e ao cabo, através da conquista literal dos objetos e da validação pública obtida pela exposição compulsiva do que se conquistou. Além da própria flutuação ininterrupta dos objetos e da forma do “homem ideal” inviabilizar quase todas as iniciativas de se chegar a emulá-lo razoavelmente bem, uma vez que ele não é mais do que a hipóstase do arquétipo do herói solar, da própria divindade plenipotente, que é dotada de todas as virtudes e de todas as competências, o empreendimento é, n’última instância, impraticável.

A saída para essa armadilha massificadora é o entendimento de que o objeto ao qual se refere a jornada da multidão na direção do “homem ideal” não é literal, concreto, radicado em coisas e na tomada de posse das mesmas, segundo a sugestão delirante de que certas figuras públicas sejam verdadeiramente representantes do arquétipo hipostasiado. O objeto ao qual a jornada se refere é espiritual, interior, qualitativo e não quantitativo, o que quer dizer que ele só poderá ser verdadeiramente perseguido fora do fluxo da massa e fora da Economia dos Homens. A busca pelo “homem ideal”, sendo uma busca arquetípica e simbólica, não pode ser divisada no regime da causalidade, mas dentro de um sistema teleológico, e não é algo que se realiza pela obtenção de determinada coisa, porque nela se deslinda todo um itinerário existencial, o qual está muito mais relacionado com a própria finalidade do homem enquanto criatura do que com aquilo que o homem possa vir a possuir — assim, os objetos de desejo não são nada mais do que expressões literais e exteriorizadas de uma demanda que, na realidade, se refere à vida interna, donde esses objetos precisarem ser vistos simbolicamente, como canais propícios à “energização” dos movimentos do espírito. A visão simbólica dos objetos os esvazia da aura fetichista de carisma mágico e os recoloca em seus devidos lugares de instrumento e de recurso para finalidades outras, de outra ordem.

… assim, o centro de ordenamento da alma se desloca do exterior, do social, para o interior...

No final, como Girard definira, a armadilha mimética só se revolve quando a triangulação imitativa do outro se desloca preferencialmente para o regime da Transcendência. Não é como se de fato conseguissemos, enquanto homens, nos desligar de todo da mimese societária — isso é impossível. O que pode ser feito o será apenas parcialmente, através de uma tomada de consciência do circuito falho e adoecedor do regime de buscas soteriológicas exteriores, buscas que jamais satisfazem o apetite de absoluto instalado no espírito, e de uma tomada de posição racional, altamente personalista, diante da realidade social. A compreensão da maquinaria mimética, que é a do jogo lúdico do status e da escalada hierárquica pela posse de objetos de desejo que aproximem do altamente genérico “homem ideal”, deve ajudar no disciplinamento do sentido dos pensamentos e das ações, com um deslocamento dos apetites de seu apego espontâneo às coisas literais e de apelo social para seu verdadeiro objeto, que é de ordem vertical — assim, o centro de ordenamento da alma se desloca do exterior, do social, para o interior, fazendo coincidir mais ligeiramente o centro de Si com o centro do Mundo. O herói solar, que é o Divino, corresponderá tanto ao centro do indivíduo quanto ao seu propósito existencial, motivador de uma jornada interior de individuação — a qual jamais encontrará termo nesta vida.

Interessante observar como esse alinhamento do espírito com a Verdade permite uma relativa superação do egotismo e abre o sujeito à realização própria através do expediente da autotranscendência. Não se tratando mais exatamente de ter coisas, sendo estas meios e não fins, a jornada exterior se guia por um menor senso de urgência, correspondente a uma redução na preferência temporal. Para o indivíduo que tenha conseguido se afastar o suficiente o frenesi do jogo de status da massa, qualquer setor da vida social poderá ser absorvido pelo seu ser-vocação e tornado palco suficiente e eficaz para o efetivo serviço altruístico — por conseguinte, ao invés de se perder no universalismo genérico do “homem ideal”, precisando absorver em si uma plêiade de recursos e qualidades de amplo valor social, ele encontrará satisfação pessoal e oportunidade espiritual numa ou noutra das arenas da vida pública e privada. Dessa maneira, poderá a mãe superar os “olhares tortos” daquelas que se escandalizam com sua opção exclusiva pelos cuidados do lar, porque ali esta mãe encontrou sua vocação, levando-a suficientemente a sério para entender as obrigações que a arena de seu bom combate lhe demandam. Assim também com o jovem rapaz, que poderá sobreviver à pressão de não estar criando o “shape” na academia e nem desenvolvendo seu “mindset”, porque entendeu que a sua arena vocacional e o território de sua instalação na vida pública pedem-lhe outras competências, de maneira que ele está livre para escolher o que não fará, além daquilo que fará.

… ao invés de se perder no universalismo genérico do “homem ideal”, ele encontrará satisfação numa ou noutra das arenas da vida pública e privada.

Importa, para que se esteja bem instalado no Mundo, saber qual é o seu próprio lugar e, disso, saber como colocar-se nele — o que significa que será importante saber rejeitar as ofertas tentadoras, de caminho largo, que eclodem em profusão nas conversações e nas emulações da multidão na via pública. Sem o discernimento sobre qual o lugar apropriado para si, sobra a generalidade universalista dos objetos de desejo que devem performar o “homem ideal” — sobra a impressão, uma implacável obrigação egocentrada, de que se deve estar preparado para tudo e munido de todos os recursos desejáveis, inflamada pelo senso de escassez e de falta. Delimitado o horizonte vocacional, que é mais teleológico do que causal, é muito mais fácil determinar quais vícios combater e quais virtudes nutrir, o que e como fazer, para que se possa simplesmente persistir o tanto quanto possível na progressão pessoal dentro da vereda demarcada — assim, colhendo a evidência necessária de valor social, em função da competência e da obra realizada no âmbito societário, sem recair no esmagamento despersonalizador da via comum.

Eis aqui, portanto, um meio de “resolver” o chamado Dilema Humano (Rollo May), porque somos todos impelidos ao comportamento sociocentrado, de recolhimento de si em favor da demanda coletiva, da espécie, do outro, com o perigo da anulação da própria individualidade, enquanto, paradoxalmente, impera que conservemos nossa individualidade contra e em detrimento do societário, com o perigo de recairmos em doloso sentimento antissocial e trazermos mais ônus do que benefícios ao que é comum. Veja bem: se eu não recaio no egoísmo travestido de interesse público, desde o qual, entregue à mimese da Economia dos Homens para a busca da felicidade própria, sou despersonalizado e massificado, quase inteiramente ocupado e dedicado ao trabalho extrovertido de correspondência com as demandas sociais, preferindo uma via vocacional, que é altamente personalista e hominizante, além de prevenir-me da dissolução do Eu na multidão, posso cumprir um papel social substancial, sendo eficaz naquilo que realizo, simplesmente porque devo sê-lo — tanto para o meu maior benefício existencial, quanto para o maior benefício do outro, a quem sirvo.

Texto de minha autoria (como os demais deste canal) originalmente publicado em meu perfil pessoal do facebook em 3 de agosto de 2024.

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Natanael Pedro Castoldi
Natanael Pedro Castoldi

Written by Natanael Pedro Castoldi

Psicoterapeuta com formação em teologia básica e leituras em história das religiões e simbolismo. Casado com Gabrielle Castoldi.

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