Da Proximidade do Fim

Breve síntese

A proximidade do Fim, anunciada desde o ministério de Cristo, não pode ser encarada como determinada sobretudo cronologicamente (isso está claro já em Mateus 24:36). A proximidade do Fim é escatológica, e isso não é o óbvio ululante, porque a escatologia fala de eventos que têm uma qualidade histórica, mas que são -por princípio- realidades ontológicas, ou expressões cíclicas da natureza mesma do Mundo caído e do acirramento da tensão com a Nova Criação, inseminada na Velha através do Reino. Ou seja: a escatologia fala da dinâmica interna dos Tempos, da tensão ontológica estabelecida por Cristo, que veio trazer a espada, e que se intensificará gradualmente até o zênite, no Fim da Era, ou do Éon, quando o Conflito agravar exponencialmente, acelerado e apressado para a Parousia. Todos os tipos, semeados na História, então terão encontrado suas realizações últimas e literais. O que quer dizer, n’última instância, que escatologia é cosmologia e a outra ponta da cosmogonia. A proximidade do Fim, por conseguinte, é tópico metafísico e fala do limiar ou do estreitamento das fronteiras entre este Mundo e o Vindouro — um limite estreitado e estabilizado pela ação do Katechon ainda na Era Apostólica, mas que está sempre e atemporalmente no limiar de ser rompido, quando da imprevisível remoção do Katechon. O Fim está próximo, porque a fronteira entre os Mundos é curta e jaz sempre sob a ameaça de colapsar.

Texto de minha autoria (como os demais deste canal) originalmente publicado em meu perfil pessoal do facebook em 22 de Novembro de 2023.