O Doze nas Tribos de Israel e na Nova Jerusalém

A Reconquista como tipo da Grande Comissão

Natanael Pedro Castoldi
13 min readSep 3, 2024

Como sugerido ontem, o Doze do Altar de YHWH El, constituído de doze pedras, enquanto Montículo Primordial anterior à Teofania do Sinai, deve ter um fundamento mais antigo do que o símbolo das Doze Tribos, provavelmente a base do próprio símbolo das Doze Tribos. Eu sugeri o Doze Zodiacal, o Círculo dos Animais que perfaz, em doze constelações teriomórficas, o circuito estelar completo, indicando o conjunto da Grelha (Ariel [Leão de Deus]) no topo do Altar (Harel [Montanha de Deus]) das Doze Pedras como um éctipo da cosmologia: a Terra, o Pilar do Firmamento e o Céu, que é espiritual e onde está o Trono de Deus, descrito como assentado sobre Quatro Animais, os Seres Viventes, ou Querubins — isto é: como estabelecido d’além das Estrelas, no Último Céu. Uma atenção tal às constelações deve ter relação com a orientação de El-Shaddai para Abraão para a observação das estrelas, porque a sua descendência seria tão numerosa quanto elas, mas certamente se vale do conhecimento profundo de astronomia dos hebreus primitivos, legada dos ancestrais semitas do deserto da Arábia e da participação no circuito cultural caldaico.

Prosseguindo nos estudos hoje pela manhã, encontrei em Bin Gorion (As Lendas do Povo Judeu) a sugestão de que precisava para uma corroboração mais direta da minha hipótese. O trabalho com as tradições judaicas é sempre muito complexo, pois é difícil identificar a verdadeira origem das mesmas, em geral muito anteriores à idade das compilações e da obra dos redatores de documentos como o Talmude, por exemplo. Aprendi com Michel Remaud (Evangelho e Tradição Rabínica), contudo, que parte considerável da Torá Oral remonta a um filete de antiguidades notável, sendo recorrentemente anterior ao Período Intertestamentário, quase sempre mais velho que o Novo Testamento e não raramente tão remoto quando o tempo davídico. Os mitologemas encontrados no fundo das lendas judaicas podem dar pistas de uma raiz genealógica mesmo do tempo dos Patriarcas, se identificarmos correspondências entre eles e mitos análogos dos contemporâneos semitas, mesopotâmicos e cananeus. Este é o caso do mitologema da Pedra Fundamental do Mundo e do Templo, que encontramos nas diversas tradições envolvendo o Patriarca Jacó em Bet-El.

… por isso os sumerianos terão Alap-sur, o Querubim da Fundação.

Independentemente da criatividade posterior dos rabinos, a história de Jacó narrada em Gênesis 28:10–19 está desde há muito tempo vinculada ao mitologema sumeriano de Sig-Namtar, o Tijolo Sagrado do Destino (Stein Jr. — A Torre de Babel e Seus Mistérios), o tijolo ritual depositado no sítio da construção do futuro santuário como Pedra Fundamental. O ideograma do Sig-Namtar traz o barro — Sig — somado à semente — Gul -, donde o seu ritual de preparação era o da inseminação da Semente Divina no barro, provavelmente no ato de seu cozimento no fogo, que ocorria no mês regido pelo signo de Gêmeos, ou dos Gêmeos Reais, que tem por signo imediato Câncer, representativo do batismo de fogo purificador pelo qual passavam os tijolos cozidos. O ideograma sumeriano do tijolo apresenta dois retângulos (Sig) desencontrados e conectados por uma ligadura — daí o tijolo ser entendido como feito de “barros gêmeos”. O ritual de lançamento da Pedra Fundamental, Sig-Namtar — o tijolo fertilizado pelo Divino -, do santuário era chamado Ushub-Azag. “Shub” — “lançar” — tem por gráfico a Pedra de Esquina, isto é, a Pedra Fundamental, traduzida por “Ru”, porque é a Pedra da Dedicação do Templo. Os sumerianos tinham uma divindade tutelar dos tijolos queimados, régia do mês dos Gêmeos Reais e chamada Shin. Quando da consagração do santuário, era Shining e seu espírito estava sobre o rei, realizador do Ushub-Azag. Em assírio “lançar” não é “Ushub”, mas “Labanû”, donde “Laban” significar “senhor das fundações em tijolo”. Em hebraico, “Laban” existe como “branco”, “branco resplandecente” — no árabe significará “leite” -, e tem por forma feminina “Lebanah”, um nome para a Lua, mas que também significa “tijolo”. Do sumério, “Laban” vem de “lab”, uma abreviatura de “querubim”, e “lap”, “fundar” — por isso os sumerianos terão Alap-sur, o Querubim da Fundação.

Acrescenta-se a isso o fato de os sumerianos, descidos do Norte para a Mesopotâmia, terem inicialmente edificado em pedra, material escasso nos pantanais mesopotâmicos, motivo pelo qual desenvolveram a tecnologia do tijolo cozido, adaptando a ela o mesmo cabedal religioso e litúrgico ligado à Rocha Fundamental. Há de fato correlações etimológicas entre “tijolo” e “pedra”. “Lebanah”, o feminino de “Laban”, aparece em uma raiz fenícia, “Aban”, utilizada para “pedra”, a qual se verá vertida no hebraico bíblico em “Ebenezer” (fenício “Aban-Azar”, “ele ajudou”), a Pedra de Auxílio, que é um dos títulos messiânicos. “Aban-Azar” é análogo a Laban, segundo Stein Jr., que o diz em vista de 1 Samuel 7:12, de onde apreende “Laban” como um título divino conhecido pelos hebreus, referente ao Senhor das Fundações em Tijolo, regente dos meses de Gêmeos e Câncer, da ligadura ou fusão pelo Fogo Purificador dos “barros gêmeos desencontrados”.

… a qual se verá vertida no hebraico bíblico em “Ebenezer” (fenício “Aban-Azar”, “ele ajudou”), a Pedra de Auxílio…

Abraão buscava, dirá o apóstolo Paulo em Hebreus 11:9–11, “a Cidade que tem os Fundamentos” — que tem por arquiteto e construtor o próprio Deus. Abraão, vindo de Ur, conhecia o Nig-Namtar e o Ushub-Azag e aguardava a Ebenezer, Laban-Messias, o construtor e o próprio fundamento da Cidade — ou seja: Aquele que é a Pedra Fundamental da Cidade. Jacó teve a Visão da Casa de Deus no topo de Bet-El, ou Moriá, e acordou com as Doze Pedras fundidas em Uma só — uma tradição dirá que o próprio Senhor as derreteu com Seu Fogo Celeste e as fundiu. Não se esquive, nesta história, da imagem da fundição divina dos “barros gêmeos”, inseminados da Semente Celeste. Jacó deverá ter reconhecido ali a Pedra Fundamental do vindouro Templo de Sião. Certamente essa perspectiva, de conquistar Sião para nele construir o Templo por sobre a Pedra Fundamental, acompanhou a Reconquista desde a travessia da Congregação pelo Jordão e do acampamento em Gilgal.

Gilgal é especialmente importante, pois nele, cruzado do rio, fora repetida parte do procedimento cerimonial de Moisés aos pés do Sinai: ergueram Doze Pilares, feitos de pedras retiradas do leito do Jordão, e um Altar para a celebração da Páscoa (Js 4:19-, 5:1–10). Foi em Gilgal que a Congregação realizou a partilha da Terra, do Rio ao Mar, o que significa que a edificação dos Doze Pilares na fronteira da Terra Prometida repetia a circunscrição dos limites interiores daquilo que estava para ser purificado e consagrado ao Senhor, como fora feito aos pés do Sinai — o sentido é de que tudo o que havia dos Pilares para a frente estava sendo posto por Deus nas mãos dos israelitas (Js 24:12–14), para santificarem e usufruírem. Impõe também o entendimento de que se viam, como estiveram na borda do Sinai, diante dos pés de Moriá, o objeto derradeiro da Conquista, isto é: da Promessa. Razão pela qual a história se nos é apresentada com Jerusalém estando no final, como a derradeira posse, já sob o comando do rei Davi, que de imediato começou a trabalhar no projeto do Templo.

… tudo o que havia dos Pilares para a frente estava sendo posto por Deus nas mãos dos israelitas…

Essa lógica reflete a tradição dos Dez Níveis de Santidade da Terra de Israel, conforme a Mishná. A Terra de Israel é a mais santa das terras; a área interna de Jerusalém é a mais sagrada da Terra de Israel — e mais do que a de outras cidades muradas; o chail, a área entre a muralha ao redor de Sião e os muros do Templo, é mais sagrado que a parte anterior de Jerusalém; o Pátio das Mulheres é mais é mais sagrado que o chail; o Pátio dos Israelitas é mais sagrado que o Pátio das Mulheres; o Pátio dos Sacerdotes é mais sagrado que o Pátio dos Israelitas; o Lugar Santo é ainda mais sagrado; o Santíssimo é o mais sagrado de todos e dele irradiam as santidades relativas dos níveis anteriores. Isto repercute os níveis de santidade do Acampamento do Deserto, estabelecidos na experiência do Sinai e, em seguida, ao redor do Tabernáculo. O valor do Santíssimo como Axis Mundi é dividendo, primeiro, da Pedra Fundamental, atribuída a Jacó e sobre a qual a Arca da Aliança fora depositada. Esse conhecimento, com o cume do Sião no zênite de tudo o que é sacrossanto, parece refletido na história da Reconquista, pois este é o último lugar a ser ocupado por Israel — dominado por Davi, mas efetivamente efetivamente possuído por Salomão.

Não por outra razão, eu suponho, a tradição mosaica do Sinai reconhece precocemente que o verdadeiro Monte Santo, a Montanha Sagrada arquetípica, é Moriá. Em certa lenda, os Montes Carmelo e Tabor aparecem solicitando do Senhor a preferência para a construção do Santuário e do Palácio — o Tabor por ser “o maior de todos”, não submerso no Dilúvio, o Carmelo, pois, por ser menor e, tendo estado no fundo do Mar, servido de caminho aos Israelitas do Êxodo. Para cada um deles o Senhor reservou uma glória: o Tabor seria elevado nos dias da juíza Débora, o Carmelo, ao seu turno, nos dias de Elias. Nenhum, todavia, seria maior do que o Sinai, o Monte no qual Deus escolhera habitar “porque ele é o menor de todos” (Gorion, p. 292). Mas o Sinai não nasceu no deserto do Sinai, dirá esta tradição. Ele originalmente fez parte do Moriá e foi nele que Isaque fora depositado no Altar de Abraão. Assim, o Senhor julgou ser bom que os israelitas recebessem a Lei nesta porção do Monte. Isso que fazer significar que toda a sacralidade do Sinai estivera vinculada pelos israelitas, a partir de determinado momento, à sua qualidade de “filho” de Sião — pode-se mesmo vislumbrar nisto a transferência da Pedra Fundamental de Sião, estabelecida por Jacó a partir das Doze Pedras do Altar de Abraão, para o Sinai. A mesma rocha do Sinai da qual vertera Água Viva sob o toque da vara de Moisés — a Rocha que o apóstolo Paulo afirmou ter sido o Cristo (Êx 17:5–6 e 1 Co 10:4).

… toda a sacralidade do Sinai estivera vinculada pelos israelitas à sua qualidade de “filho” de Sião…

Considerada a antiguidade dos mitologemas inerentes às tradições orais judaicas, voltemos ao simbolismo zodiacal do Doze. Segundo Bin Gorion, o Acampamento da Congregação do Deserto era guarnecido por Sete Nuvens: uma dianteira, outra traseira, duas nos lados, uma sobre a Congregação — para alívio do calor e proteção da geada -, uma na coluna do meio — indicadora do caminho, motivadora dos desanimados e repressora dos atrevidos — e, por fim, aquela que se prendia aos estandartes das Tribos, protegendo a Glória de Deus. Os estandartes eram quatro, cada qual congregando três tribos, uma delas titular: Judá, no Oriente (o Nascente — direção do Éden), estandarte também de Issachar e Zebulon; Ruben, no Sul (direção do Deserto), estandarte também de Simeão e Gad; Efraim, no Ocidente (o Poente — direção do Horebe, do Oceano e das Ilhas [R. Graves]), estandarte também de Benjamin e Manassés; Dan, no Norte (direção da Caldeia e dos celeiros do fogo do Inferno, da neve, das trevas e das ventanias), estandarte também de Asser e Naftali. Essa era tanto a ordem da Marcha quanto a ordem da organização do Acampamento. Ficavam ao redor do acampamento dos Levitas, este disposto como uma rosa-dos-ventos, pois apontava para os Quatro Cantos, guarnecendo o Tabernáculo.

Cada estandarte ostentava um símbolo animal, correspondente ao totem de sua tribo titular. O estandarte de Judá, no Nascente, trazia o Leão; o estandarte de Ruben, no Sul, trazia um Homem (um Dudaim, ou Mandrágora); o estandarte de Efraim, no Poente, trazia o Peixe; o estandarte de Dan (chamado por alguns de estandarte de Deus), ao Norte, trazia a Serpente (ligada ao Vento Norte, Bóreas). Os símbolos animais de Judá e de Dan aparecem em Gênesis 19:9 e 17. Para Hall (The Secret Teachings of All Ages), é possível que o símbolo de Dan fosse o Pássaro, uma águia, sendo o Leão e a Águia dois dos Quatro Seres (Viventes) associados aos Querubins, ambos representados em motivos ornamentais de diversas partes do Tabernáculo / Templo, inclusive no Véu no Santíssimo. O Leão e a Águia Branca correspondem, respectivamente, ao Sol (Nascente), ao Fogo e ao Ouro e à Lua, à Água e à Prata. O Fogo e a Água foram os elementos básicos da liturgia do Templo e estavam um do lado do outro no Pátio: o Altar, cuja Grelha fumegante era chamada Ariel (Leão de Deus), e o Mar de Bronze, sustentado por Touros e destinado às purificações.

… donde o estabelecimento das Doze Pedras do Altar ter porquê ser anterior à Teofania do Sinai.

Como já se pôde supor, os quatro estandartes estavam relacionados aos Quatro Elementos e cada uma das Doze Tribos tinha por signo uma pedra preciosa. O estandarte de Judá, o Leão, personificava o Fogo; o estandarte de Ruben, o Homem (Mandrágora), personificava a Terra; o estandarte de Efraim, o Peixe, personificava a Água; o estandarte de Dan, a Serpente, personificava o Vento. Além disso, cada estandarte agrupava um conjunto de estrelas, ou constelações zodiacais, que eram símbolos de suas tribos (a Aliança Abraâmica fala de uma descendência numerosa como as estrelas — Gn 15:5). Judá era a constelação do Carneiro (!), Issachar era o Leão e Zebulon era o Sagitário; Ruben era o Touro, Simeão era a Virgem e Gad era o Capricórnio; Efraim era os Gêmeos, Benjamin era a Balança e Manassés era o Aquário; Dan era o Câncer (!), Asser era o Escorpião e Naftali era os Peixes. Nisto reconhecemos como provável a hipótese do Doze Zodiacal como o fundamento do próprio simbolismo do Doze das Tribos, donde o estabelecimento das Doze Pedras do Altar ter porquê ser anterior à Teofania do Sinai.

Essas Doze Pedras, depositadas no peitoral do sumo sacerdote Aarão, possuem um sentido astrológico, porque estão ligadas pela tradição diretamente às constelações — exercício que o próprio leitor poderá fazer com a simples aproximação deste parágrafo com o parágrafo anterior. O rubi era de Judá, o topázio era de Issachar e a esmeralda era de Zebulon; o sárdio era de Ruben, a safira era de Simeão e o diamante era de Gad; o jacinto era de Efraim, a ágata era de Benjamin e a ametista era de Manassés; a turquesa era de Dan, o ônix era de Asser e o jaspe era de Naftali.

Em Êxodo 28:17–20 insta a ordem de confecção do peitoral de Aarão com as Doze Pedras, a serem dispostas em quatro linhas de três, com uma alteração de lugar: o rubi de Judá e o sárdio de Ruben se invertem. Seguem, todavia, o mesmo plano de quatro grupos, ou estandartes, de três tribos. Variam, também, alguns nomes de pedras, mas provavelmente se referem às mesmas: opala em lugar do jacinto e crisólito em lugar da turquesa. Evidentemente, este é mesmo simbolismo das Doze Pedras ordenadas em quatro linhas de três que encontraremos em Apocalipse 21:19–21: a Nova Jerusalém, a Cidade que tem “Os Fundamentos” (Hb11:9–11), é descrita como sendo perfeitamente cúbica, tal qual o Santíssimo, e ostentando Doze Portões, três em cada um dos seus quatro lados — Oriente e Ocidente, Sul e Norte (Ap 21:13). Um Portão corresponde a uma Pedra Preciosa, isto é: a um dos Doze Fundamentos, cada um dos quais ostentando o nome de um dos Doze Apóstolos, e cada Portão tem por nome uma das Doze Tribos e é regido por seu respectivo Fundamento — quer dizer: responde ao nome de um Apóstolo.

… a Porta do apóstolo Pedro, Naftali, que tem por pedra simbólica o jaspe.

A ordem dos Doze Fundamentos é esta: jaspe, safira, ágata; esmeralda, sardônica, sárdio; crisólito, berilo, topázio; crisópraso, jacinto, ametista. Destoam do peitoral de Aarão: sardônica, berilo, crisópraso e jacinto, o qual contém, em lugar delas: rubi, diamante, opala e ônix. Os estudos em Wim Malgo (Apocalipse de Jesus Cristo) aproximam topázio de crisópraso e berilo de ônix, mas deixam mais evidente a confusão antiga na classificação da pedras, com várias fontes, como Plínio, Estrabão e Diodoro, nomeando de formas diversas as mesmas pedras e trocando os nomes. Opala e jacinto parecem intercambiáveis também neste caso. Rubi e sárdio se confundem. Crisólito já foi dito como jacinto, por exemplo. Jaspe e diamante igualmente se atravessam. Isso nos autoriza a reconhecer que as Pedras Preciosas dos Doze Fundamentos devem ser as mesmas Doze Pedras Preciosas das Doze Tribos, com jaspe, a última no colete de Aarão, posta por primeiro na Nova Jerusalém, naturalmente regendo a Porta do apóstolo Pedro, Naftali, que tem por pedra simbólica o jaspe.

Deste ponto podemos abrir algumas linhas de estudo, porque as Doze Portas da Nova Jerusalém, distribuídas em quatro linhas de três e segundo a ordem dos Fundamentos, devem ser regidas por quatro estandartes — quem sabe os Quatro Animais dos Quatro Evangelistas, que são os Quatro Seres Viventes, ou Querubins, e que diferem do Acampamento do Deserto apenas num ponto (Marcos [não foi dos Doze] — Leão [Judá]; Mateus — Homem [Ruben]; Lucas [não foi dos Doze] — Touro [Efraim — Peixe]; João — Águia [Dan]) — e por doze aspectos que perfazem a Sã Doutrina dos Apóstolos, indispensável para o reto conhecimento da Boa Nova de Salvação. As nações da Terra adentrarão por cada uma das Doze Portas e ingressarão pela rua principal, a qual ladeia as duas margens do rio da Água Viva, nascido no Trono de Deus e do Cordeiro, que é a Rocha, e seguirão por ela acompanhadas de duas fileiras de Árvores da Vida, que serão alimento e cura para essas nações em sua subida na direção do Trono e para a adoração perpétua do Senhor Deus Triúno (Ap 21:21–27, 22:1–5). Se essas nações serão formadas segundo Doze “Tribos”, a partir das Doze Portas e totalizando Doze Povos, ou se são as mesmas Setenta Nações da tradição judaica como que tendo por patrono, por assim dizer, cada um dos Doze — porque, como nos dirá Kreider (O Paciente Fermento da Igreja Primitiva), os cristãos primitivos compreenderam que os Doze já haviam atingido os Confins da Terra e as Setenta Nações, segundo a ordenança da Grande Comissão (Mt 28:18–20), sendo quase todos martirizados no meio dos gentios -, ou o que quer que mais possamos pensar sobre esse Mistério, é tema para uma ocasião futura.

… os Doze teriam virtualmente atingido os Confins, ou os Limites da Terra…

De toda a maneira, é sugestiva esta última hipótese descrita, pois traz uma analogia com a edificação dos Doze Pilares de Gilgal como consagração da Terra de Israel desde a sua primeira fronteira, bastando a purificação dos seus interiores: os Doze teriam virtualmente atingido os Confins, ou os Limites da Terra — o contorno das Setenta Nações conhecidas (Magogue, Gômer, Togarma, Pérsia, Cuxe e Pute [Ez 38], também os pontos iniciais do cerco de Satanás e do Anticristo ao Povo de Deus [Ap 20:8]) -, como se estivessem circunscrevendo todo o espaço interior do Mundo enquanto o objeto legítimo do Evangelho e da possessão da Igreja, a ser conquistado no tempo do Milênio, com Sião, mais uma vez, por último.

Texto de minha autoria (como os demais deste canal) originalmente publicado em meu perfil pessoal do facebook em 03 de setembro de 2024.

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Natanael Pedro Castoldi
Natanael Pedro Castoldi

Written by Natanael Pedro Castoldi

Psicoterapeuta com formação em teologia básica e leituras em história das religiões e simbolismo. Casado com Gabrielle Castoldi.

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